Até pouco tempo o overtraining, também conhecido como
síndrome do excesso de treinamento, era preocupação exclusiva de atletas
profissionais, porém, outros grupos já são vítimas dessa síndrome, como os
alunos de academias e pessoas que treinam ao ar livre como os corredores e
ciclistas amadores.
Segundo a maioria das pesquisas científicas, o treinamento
físico é o principal desencadeador da síndrome, porém, há outros fatores que
influenciam tais como, alimentação, estresse psicológico, viagens,
personalidade e sono inadequado.
A maior parte dos indivíduos que se matriculam em uma
academia busca a redução do peso corporal e o aumento da massa muscular,
tentando seguir o padrão estético determinado pela sociedade.
Dessa forma, muitos deles passam horas por semana realizando
exercícios vigorosos e, na maioria das vezes, sem nenhuma orientação de um
profissional e, somado a isso, ainda associam o treino a dietas hipocalóricas.
Os alunos que correm maior risco são aqueles que escolhem
sequências de aulas coletivas de alta intensidade, tentando alcançar o objetivo
o mais rápido possível. Esses alunos vão aumentando a dose por conta própria
quando acham que o resultado está demorando a aparecer e, muitas vezes, sem
perceber, já estão prejudicando a própria saúde.
Para um melhor entendimento, overtraining é o desequilíbrio
entre treinamento e o período de recuperação, ou seja, o aluno exagera no
volume e na intensidade do exercício e não respeita o período no qual o
organismo precisa para se recuperar. Entretanto, o overtraining não acontece de
uma hora para outra, mas após um período de tempo expondo o corpo ao estresse
exagerado e esse tempo é diferente para cada pessoa.
Toda vez que iniciamos um treinamento o corpo humano sofre
um processo de catabolismo para transformar em energia os nutrientes que estão
estocados. Por outro lado, quando terminamos o exercício físico entramos em
anabolismo ou metabolismo construtivo, onde o organismo começa a compensar o
estresse sofrido, armazenando energia e construindo tecidos e é graças a esse
período de descanso que ocorrem as adaptações do treino e, nessa fase, uma boa
alimentação e um sono reparador são essenciais.
No entanto, se a recuperação não for adequada, com o passar
do tempo haverá comprometimento do desempenho, alterações metabólicas e
desequilíbrio de neurotransmissores cerebrais, como a diminuição dos níveis de
serotonina.
O overtraining é um problema sério e geralmente é
diagnosticado quando o aluno treina muito e começa a apresentar dois ou mais
sintomas, tais como, queda da imunidade, com o aparecimento de gripes
constantes e outras doenças oportunas, cansaço anormal, queda do desempenho,
dificuldades para dormir, sensação de falta de energia, muita sede, perda de
apetite, irritabilidade, diminuição da coordenação motora, aumentando o risco
de lesões, depressão e ansiedade.
O tratamento recomendado de imediato é parar de treinar por
duas semanas e cuidar da alimentação, procurando ingerir alimentos nutritivos,
ricos em carboidratos e proteínas.
As recomendações de atividades físicas e nutricionais do
American College of Sports Medicine e The American Heart Association de 2007,
são parâmetros que servem para orientar a população e cito aqui as
recomendações para os principais objetivos que os alunos procuram nas
academias:
- Para adultos saudáveis manterem sua condição de saúde e
reduzirem o risco de desenvolver doenças crônicas:
Faça pelo menos 30 minutos por dia de atividade física
aeróbia em intensidade moderada, acima dos níveis já realizados em casa e no
trabalho, na maioria dos dias da semana ou faça uma atividade física intensa,
20 minutos por dia, durante 3 dias na semana e faça oito a dez exercícios de
força muscular, com 8 a 12 repetições de cada exercício, 2 vezes na semana.
- Para auxiliar no controle do peso e prevenir o gradual
aumento pouco saudável no adulto:
Faça pelo menos 60 minutos por dia de atividade física
aeróbia moderada a vigorosa na maioria dos dias da semana sem exceder os
valores recomendados para a ingestão.
- Para manter a perda do peso no adulto:
Faça de 60 a 90 minutos por dia de atividade física aeróbia
em intensidade vigorosa sem exceder a recomendação nutricional. É recomendado
consultar profissionais.
Tanto a inatividade quanto a atividade física exagerada
causam prejuízos para a saúde, portanto, deve-se procurar o equilíbrio e, no
caso dos alunos de academia, a melhor forma de prevenção é procurar a
orientação de um profissional da Educação Física.
Texto: Profa. e Personal Trainer Paula Cavalcante -
http://paulacavalcantepersonal.wordpress.com
Referência:
American College of Sports Medicine (ACSM) e American Heart Association (AHA),
2007.
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