Associado ao acúmulo de gordura corporal, gene FTO não é a
sentença final para os quilos a mais. Estudos revelam que exercício pode mudar
seu efeito
Um jovem que sempre apresentou sobrepeso resolve
encarar mais uma dieta. Mesmo com a dieta bem restrita, não consegue
estabelecer uma rotina de exercícios e o resultado de emagrecimento acaba
não ocorrendo. Algum tempo depois, preocupado com sua saúde, resolve
aceitar o convite de um amigo e iniciar em um grupo de corrida. No início,
por ser sedentário, apresenta certa dificuldade. Mas logo os resultados
começam a aparecer e, mesmo não realizando uma dieta restritiva, os quilos a
mais começam a ir embora.
O gene FTO foi identificado em 2007, através de um
grande estudo de escaneamento genômico (GWAS). Foi identificado nesse gene um
polimorfismo, ou seja, uma variação onde ocorre uma troca de um nucleotídeo T
por um A, conhecida como rs9939609. A partir desse estudo ele foi associado com predisposição
à obesidade e sobrepeso, antes mesmo de se ter conhecimento da função que a
proteína codificada por esse gene exercia. Depois de vários outros estudos
subsequentes, o FTO passou a se destacar como o principal gene associado à
obesidade de origem multifatorial, onde cada variante do gene aumenta em 1,5kg
o peso corporal. Adultos e crianças que possuem as duas variantes do gene
apresentam um risco 22% maior de desenvolvimento de obesidade
severa.
Atualmente, devido ao conhecimento de sua alta expressão no
hipotálamo, região que possui ligação com o controle de apetite e acúmulo
de gordura corporal, postula-se que o efeito do FTO seja uma diminuição da
saciedade e um aumento da capacidade de captação de gordura pelos adipócitos.
Assim, indivíduos com a variante desse gene, ou seja, a presença do alelo A,
apresentam um acúmulo excessivo de gordura corporal.
Além dos fatores genéticos, mais fatores afetam o
desenvolvimento da obesidade e sobrepeso. Entre eles, hábitos alimentares, gasto
energético diário, uso de medicamentos, entre outros. Entre os fatores
genéticos, o FTO tem obtido destaque, sendo associado ao sobrepeso em diversas
populações em todo o mundo.
Mas ter uma variante do gene FTO não é a sentença final para
os quilos a mais. Ao contrário do que muitos pensam, a genética funciona como
uma receita original, mas podemos sempre alterar o produto final, acrescentando
ingredientes saudáveis. No caso do FTO, esse ingrediente saudável é o exercício
físico.
Estudos que analisaram milhares de indivíduos dividiram os
grupos em fisicamente ativos e fisicamente inativos. Foi constatado que
portadores da variante do FTO que eram fisicamente inativos apresentavam IMC
significativamente maior em relação aos indivíduos que não apresentam essa
variante. Entre o grupo fisicamente ativo, não houve diferença significativa no
IMC mesmo na presença da variante de risco A.
Através da análise desses resultados podemos perceber que a atividade física é um fator de proteção fundamental para o acúmulo de gordura corporal, superando a predisposição genética. Assim como no caso do jovem que queria emagrecer, apenas com dieta, portadores dessa alteração necessitam do exercício físico para perder gordura corporal e obter o físico desejado.
Através da análise desses resultados podemos perceber que a atividade física é um fator de proteção fundamental para o acúmulo de gordura corporal, superando a predisposição genética. Assim como no caso do jovem que queria emagrecer, apenas com dieta, portadores dessa alteração necessitam do exercício físico para perder gordura corporal e obter o físico desejado.
Temos agora um estímulo a mais para a atividade física.
Através dela podemos anular uma predisposição genética ao acúmulo de
gordura. Assim são fundamentais os programas de atividade física desde a
infância, com o objetivo de diminuir cada vez mais os índices de obesidade e
sobrepeso que estão cada vez mais elevados na população mundial.
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