A prática da corrida existe há milhares de anos e foi
desenvolvida nos primórdios pela necessidade que o ser humano tinha de fugir
dos predadores. Isso ocorreu antes do nosso encéfalo evoluir e desenvolver a
capacidade de pensar em estratégias melhores para escapar dos problemas.
Nos últimos 40 anos, houve um grande desenvolvimento da
indústria esportiva, submetendo à pesquisa, experimentos e análises todo o
arsenal que envolve a modalidade, como roupas, calçados, dieta, fisiologia,
superfícies e ambientes para corrida
Com o aumento do número de praticantes, ocorreu um aumento
proporcional ao número de lesões em corredores. Esta ocorrência pode estar
relacionada ao volume semanal de treino, aos desvios posturais em membros
inferiores, ao tipo de calçado, a experiência prévia do corredor na modalidade
e ao piso utilizado na prática da corrida.
A superfície de corrida é considerada um fator extrínseco
relacionado a estas lesões e tem sido pesquisada atualmente. A força de
aterrissagem no concreto, que pode ser cerca de três a quatro vezes o peso do
corpo, afeta muito mais as articulações que uma superfície mais macia como a
grama ou a terra batida.
Variar o tipo de terreno pode aumentar a qualidade dos
treinos. Entretanto, a alternância deve ser programada de acordo com a
necessidade individual de cada indivíduo, sempre orientado por um profissional
de Educação Física.
Um estudo realizado na USP concluiu que tempos de prática
menores que dois anos e correr no asfalto, concreto ou borracha promovem
maiores sobrecargas plantares. Por outro lado, a combinação do tempo de
experiência acima de cinco anos e correr na grama é a condição que mais promove
atenuação de sobrecargas plantares.
Recomenda-se o uso de tênis de corrida porque eles são
projetados para suportar três a quatro vezes o peso do corpo durante o impacto
e são especificamente desenhados para a biomecânica da corrida e, em menor
grau, para o terreno.
Com tantas variáveis, correr requer tanto raciocínio quanto
outros esportes que exigem diferentes habilidades.
1 TERRA BATIDA
A terra batida oferece bom amortecimento. É o piso ideal
para o indivíduo que tem lesão agravada por impacto, como condromalácia patelar
ou periostite medial da tíbia (canelite). Esse tipo de piso pode dificultar
trabalhos de velocidade. Recomenda-se maior cuidado em trilhas com muitas
pedras, buracos e lama.
2 AREIA
Corrida na areia promove uma grande redução no impacto e são
ótimas para desenvolver a força e estimular a propriocepção, porém, proporciona
instabilidade, submetendo joelhos, tornozelos e quadril a intensos movimentos
de torção. Para os indivíduos que já torceram o tornozelo ou que tiveram
tendinite no tendão de Aquiles, a atenção deve ser redobrada. Estudos mostraram
que a corrida na areia aumentou em até dez vezes o risco de dor no tendão de
Aquiles. Correr na areia é cerca de vinte por cento mais difícil do que correr
em superfícies mais duras e, por isso, o gasto calórico é maior.
3 ESTEIRA
É uma superfície que proporciona baixo impacto e não tem
obstáculos, o que reduz o estresse nas costas, quadril, joelhos e pés, ajudando
a prevenir lesões. Para o indivíduo que está se preparando para uma competição
de rua, a corrida feita exclusivamente na esteira não vai prepará-lo nem para
correr em terrenos irregulares nem para o impacto do asfalto, por isso deve-se
alternar com a corrida em outras superfícies.
4 GRAMA
É o tipo de piso que oferece menor impacto, reduzindo a
incidência de lesões. Esse piso atenua em até 16% a pressão que o pé sofre
durante a corrida. A grama é indicada para o corredor que está em processo de
reabilitação e não é um terreno apropriado para treinos de velocidade.
5 CONCRETO
É o mais rígido de todos os pisos e o menos indicado. Quanto
mais fortalecida estiver a musculatura, mas o indivíduo suportará o impacto
desse tipo de piso. É contra indicado para indivíduos com obesidade ou que
apresente qualquer lesão músculo esquelética nos membros inferiores.
6 ASFALTO
Quando se pensa em performance, os pisos mais rígidos são os
melhores , pois a dissipação da energia para o piso é menor e pode-se
aproveitar melhor as capacidades elásticas do músculo para otimizar a passada.
A maioria das provas de corrida é realizada no asfalto, portanto, o treinamento
nesse tipo de piso é indispensável para quem estiver treinando para uma prova
de rua. Por ser bastante rígido, só perdendo para o cimento, ele é indicado
para trabalhos de velocidade. Para o indivíduo acostumado a treinar no asfalto,
o ideal é optar por pisos mais macios como a grama ou a esteira pelo menos uma
vez por semana.
FONTE: http://www.areadetreino.com.br/noticias_det.asp?cod=1125